domingo, 28 de fevereiro de 2016

Olhar para o bullie sem medo

Os seus três filhos foram vítimas de bullying, conta uma mãe durante o encontro "Como preparar os nossos filhos para comportamentos violentos na escola?" que um grupo de pais do Montijo organizou no sábado, na biblioteca municipal.

Todos foram porque chegaram às respectivas escolas a meio dos ciclos, quando as turmas estavam formadas e os amigos já feitos. Eles chegaram e foram ignorados, maltratados ou mesmo agredidos. As crianças acabaram por contar em casa o que se passava – um aspecto importantíssimo: pormos os nossos filhos a dialogar connosco! – e a mãe perguntou: mas quem é esse menino? Como é que ele é?
Invariavelmente eram crianças infelizes, oriundas de famílias destruturadas ou com outro tipo de problemas, descobriu. Aquela mãe compreendeu que aqueles meninos precisavam de ajuda e foi isso que ensinou aos filhos. "Agora são amigos."

Foi um testemunho tão bonito!
Mas, claro que nem sempre acaba bem. Neste caso eram crianças ainda do 1.º ciclo, mas se lhes for dada uma mão naquela altura das suas vidas, talvez deixem de ser agressores e se tornem miúdos "normais". À medida que vão crescendo a redenção torna-se mais difícil, acredito, mas não impossível.

Diz o Jornal de Notícias, na sua edição deste domingo, que os crimes nas escolas sobem há três anos.
Há um trabalho grande a fazermos em família: educar os nossos filhos para o viver com o outro, para respeitar os companheiros, para saber fazer cedências, para não ser totó, mas também para não ter a mania.
Há um trabalho enorme a fazer nas escolas: o estar atento ao que se passa dentro da sala de aula, no recreio, na cantina, na biblioteca (e não são só os professores, mas o outro pessoal); o promover actividades de sensibilização para esta questão; o de aplicar castigos adequados e não se limitar a suspendê-los ou expulsá-los de onde estão.

Há um trabalho imenso a fazer pelo Ministério da Educação, pelo Governo: por mais pessoas nas escolas, um funcionário a tomar conta de recreios cheios é impossível. Por mais técnicos nas escolas, psicólogos, educadores sociais, assistentes sociais, pessoas que possam identificar o problema e arranjar maneira de o sanar logo do princípio; que saibam como falar com as crianças mais problemáticas, com as suas famílias; que possam encontrar meios destas famílias terem uma vida com mais qualidade.
Eu prefiro que o Estado dê trabalho a mais pessoas, que combata o desemprego, que ofereça um serviço educativo de qualidade, do que um que aumenta a ADSE aos funcionários públicos e aos seus filhos até aos 30 anos ou dê subvenções aos políticos.
BW

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