segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Provas intermédias podem prejudicar alunos e mudar o ensino para pior"

Excelente trabalho da Clara Viana no PÚBLICO de hoje (em papel) sobre os testes intermédios. Os alunos portugueses fazem quase seis vezes mais testes intermédios do que há cinco anos. A jornalista ouviu especialistas em avaliação preocupados com o modo como as escolas estão a aplicar os testes intermédios, com o "ensinar para o teste" (de que eu falava aqui, há uns dias). Contudo, segundo um inquérito do GAVE às escolas, os professores estão satisfeitos com os mesmos (não era a Ana Soares que pedia um teste intermédio para a sua disciplina?).
Apesar dos professores estarem contentes, o responsável do GAVE lamenta que as escolas não façam mais com a informação que o gabinete fornece às escolas. Porque sabem aplicar os testes mas já têm mais dificuldade em trabalhar os seus resultados, provavelmente por falta de tempo.
Com o novo Governo prevê-se que venham aí mais provas, mais exames, mais testes! PSD e CDS adoram exames, quais provas de aferição, exames é que é! E defendem-os em nome da exigência.
Já estou a imaginar os professores todos felizes e contentes a preparar os meninos para responder bem aos testes intermédios e aos exames! Os alunos é que nem por isso ou talvez sim, porque, vistas bem as coisas, é só estudar para o exame e pronto, não se fala mais nisso...
BW

4 comentários:

  1. Excelente trabalho da Clara Viana.
    Dados da infografia bem interessantes.

    Quanto ao post, só não concordo com a ideia dos professores ficarem todos contentes a preparar os meninos para responder bem aos testes e exames!
    Quantas vezes se ouviram os professores a discordar dos modelos das referidas provas, das tipologias das questões, da importância que lhes é dada.
    Os professores, que gostam de o ser, ensinam por prazer, querem alunos a aprender por prazer.
    Embora não possam ignorar que os exames existem (até porque o futuro dos miúdos pode depender dos mesmos), não ensinam só "para o exame".

    Ana Soares

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  2. A minha filha mais velha está no segundo ano, numa escola João de Deus, e penso que náo houve oportunidade de "apenas prepararem para o exame" porque era uma estreia e desconhecia-se o enunciado.
    Nao sei muito bem o impacto que este tipo de exames possa vir a ter nos anos seguintes, posso só partilhar a impressáo com que fiquei desta experiência : também é bom mostrar que a mesma matéria pode ser exercitada de outras formas, com outras configurações, com outras tipologias nas questões.
    Os exames também podem ser criativos, nao podem? Avaliar as mesmas matérias de formas tao diferentes, é obrigar a estudar com diferentes metodologias ao longo do ano... Nao?

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  3. Os dados do inquérito feito pelo gave aos professores indicam que 86.1por cento dos professores diz que os testes intermedios interessam para a melhoria das aprendizagens,88,8 diz que interessa para a regularização das suas praticas,93.1 responde que interessa para a melhoria do desempenho nos exames. Será uma interpretação demasiado livre da minha parte achar que estão a prepara-los para os exames? Estes testes intermedios servem ainda para os professores fazer, em alguns casos, menos um teste, ou seja, aproveitam a avaliação deste para avaliação continua do aluno. O mesmo trabalho do PUBLICO revela que as notas atribuídas pelos professores sao mais altas do que as obtidas pelos alunos nos exames nacionais e nos testes intermedios. O que éque isto significa? os testes intermedios também servem para o ministério tomar o pulso aos alunos e adaptar melhor os exames aos mesmos? Ana, a questão que me preocupa, entre varias, da que jose augusto Pacheco deixa no final de um dos textos: "deram-me conta de que a profusão de testes intermedios está a provocar muito cansaço nos alunos". A troco de quê?, pergunto. Sabem melhor a matéria ou tem-na mais bem decorada? É essa a função da escola? BW
    Ana, a minha preocupação

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