terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

GPS: não há muitas novidades...

... como se pode ver pela notícia do DN . E não é por falta de investigação ou de insistência dos jornalistas, é por falta de respostas.
Entretanto, o PSD começa a preparar-se para a governação, a medo, mas lá vai... Joaquim Azevedo, ex-secretário de Estado da Educação diz que o "Ministério da Educação pode ser implodido sem nenhum problema", que é como quem diz que a máquina burocrática da 5 de Outubro, da 24 de Julho e das DREs pode ser desmantelada.

E dizer ainda que o debate de ontem à noite do Prós e Contras foi confrangedor para todos: para a ministra (que esteve pouco à-vontade), para Pedro Duarte (que já estava a defender o cheque ensino, o PSD quer abrir essa porta?), para Nuno Crato (que de Educação só sabe falar da necessidade das provas de aferição e dos exames serem mais exigentes), para o professor do ano (que parecia que ia chorar a qualquer momento, mas que disse coisas interessantes sobre o que se passa realmente nas escolas), para os representantes dos colégios com contratos de associação (que não conseguiram fazer passar a mensagem - essa foi a parte em que Isabel Alçada esteve mais segura); e para Fátima Campos Ferreira que não sabe do que é que está a falar, mas fala com todas as certezas deste mundo.
Os homens da noite foram: O pai António ("Fátima, chame-me António que eu gosto mais", foi o máximo!, respondeu quando a apresentadora se enganou e chamou-lhe Afonso) trazia os números de quanto custa um aluno na escola pública, chamou mentirosa à minista e ainda promoveu Mário Nogueira a "secretário de Estado da Fenprof" - foi o momento da noite. Mário Nogueira esteve bem e era o único que realmente sabia do que é que se estava a falar.
BW

8 comentários:

  1. Bárbara
    Não vi o programa porque me recuso a ver aquilo com aquela moderadora. Pelo que contaram, o seu retrato está fiel. Que tristeza! Se não sabem nem estão seguros porque razão aceitam ir à TV?
    Eu nunca quis ir nem nunca irei por duas razões: não sou grande coisa a falar e pouco se pode dizer na TV.

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  2. Logo de manhã, tive uma pequena entrevista com a ministra sobre o ensino profissional (ver a edição de hoje do PÚBLICO) e quando Isabel Alçada me disse que ia ao Prós e Contras, respondi-lhe: "Se fosse ministra, recusava-me a ir a esse programa!" e dei uma gargalhada. Compreendo a sua recusa, mas se calhar fazem falta pessoas que realmente sabem do assunto. Infelizmente as pessoas só são conhecidas se aparecerem na televisão... BW

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  3. Cara Bárbara, quanto ao GPS, só há um caminho: ou as pessoas directamente envolvidas ganham coragem e denunciam o que verdadeiramente se passa ou as coisas continuarão na mesma. Com certeza que já ouviu testemunhos na primeira pessoa: histórias de espantar sobre o que fazem aos docentes que têm o azar de ir para lá trabalhar (a isso obriga o desemprego...). Grandes show-offs para demonstrarem a superioridade dos seus métodos e tudo se resumae à exploração indigna de quem tem um pequeno poder conferido por um poder maior.
    É absolutamente lamentável que coisas como estas (e "estas" quer dizer "tantas"...) possam acontecer num país democrático e livre. São os ditadores quem governa pelo medo... é isso que as pessoas sentem: estão completamente manietadas pelo medo. Famílias inteiras dominadas pelo medo.
    E todos os contribuintes andam a alimentar esta história GPS.
    Péssimo para todos nós, quem se preocupa com o futuro mesmo defendendo ideais diferentes, incluindo as instituições semelhantes que funcionam dentro da legalidade e trabalham com mérito.

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  4. Não vi o programa, mas não me custa acreditar na sua descrição, excepto no que ao Nuno Crato diz respeito. Não é que ele só saiba falar da necessidade de exigência. Ele insiste nessa tecla porque de facto a falta de exigência talvez seja o maior problema da educação em Portugal.
    Falta de exigência nos exames que existem, mas também no facto de existirem poucos exames e em várias outras coisas: como a concepção dos programas e dos manuais e nas normas da assiduidade (o novo estatuto do aluno aliviou um pouco o trabalho "burocrático" dos professores, mas não permite responsabilizar realmente os alunos pelo absentismo).
    O Ensino Profissional, por exemplo, caracteriza-se pela falta de exigência e não pelo carácter profissionalizante.

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  5. Carlos: Tem toda a razão. Exagerei quando disse "só sabe". Sei que Nuno Crato sabe mais de educação do que exames e provas de aferição, mas esse é de facto o tema que tende a evidenciar quando é ouvido sobre educação e há mais do que avaliação dos alunos e Nuno Crato tem capacidade de alargar o seu discurso a outros temas. É um homem inteligente e preocupado com o estado da educação.

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  6. Cara Bárbara,
    O próprio painél do programa era tudo menos esclarecedor. Não percebi, sinceramente, o que estava lá a fazer a srª filha do Dr. Mário Soares(apêndice??)!
    Por outro lado, se grande parte do programa era sobre os colégios com contrato de associação porque razão não estava lá o representante do movimento SOS Educação (lá, entenda-se painél)e os representantes da AEEP e da Apepcca!!
    A apresentadora...confrangedor!!! Como é possível estar em tão mau plano! Não teve tempo para se preparar ou aquilo é só (!) incompetência e arrogância??? O Amigo Albino é o amigo Albino! Perdeu-se, achou-se e acabou por dizer algumas coisas acertadas!
    O Mário Nogueira precisa de ir dar aulas! Deixa passar em claro coisas inenarráveis: a afirmação da ministra ao dizer que ia acabar com os pares pedagógicos em EVT e ninguém ia ser despedido é fantástica! Entre outrasdo mesmo calibre!
    Enfim, gostaria de saber se andamos a brincar ou a discutir modelos de Educação e a avaliá-los!

    paulo Duro

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  7. Nuno Crato: o candidato a ministro

    Vimos ontem no Prós e Contras o sempre igual a si mesmo Nuno Crato, já candidato a ministro pelo PSD.
    Foi bom ele ter aparecido, para tornar bem claras as linhas com que nos vamos coser com o seu ministério. Vejamos bem o que o senhor tem para propor:
    1. Exames. Quer exames a todas as disciplinas do 1.º ao 12.º ano. Os exames devem ser muito difíceis e mal feitos. Indicadores básico de avaliação como questões que determinem níveis mínimos e máximos de desempenho devem estar de fora, para se entrar na nebulosa em que não se sabe muito bem para que se está a olhar.
    2. Exames outra vez: Deixou bem claro que nós, professores, não sabemos ensinar nem avaliar (a não ser que sejamos docentes do privado, que defendeu com unhas e dentes). Disse com todas as letras que os professores não sabem construir instrumentos de avaliação. Os únicos exames bem feitos serão aqueles em que toda a gente chumbar.
    3. Exames de novo: Mostrou que não entende a diferença entre aferir e avaliar. Promete, portanto, fazer uma avaliação do sistema de ensino (e não uma aferição) com base em exames difíceis e que não tenham em conta as realidades locais das escolas. Assim, ganhará cada vez mais peso o valor dos rankings com toda a palhaçada que lhes está agarrada, como os negócios de explicações que por aí andam.
    4. Ministério da Educação: Revelou ser um futuro-ministro bastante misterioso. Não conhece o Ministério e fala de números e políticas que já não estão em vigor há mais de dez anos. Discurso fácil de mais um político fácil. Mais do mesmo. Virá, introduzirá umas coisas completamente novas e lá estará o sistema a começar do zero outra vez.
    5. Autonomia: Mostrou que não sabe que as escolas já têm autonomia, defendendo o que já existe como se fosse novidade e, paradoxalmente, argumentando a favor de um sistema altamente centralizado em que o fim último da educação é o exame.
    6. Privado: Disse que o privado é que é bom, que o privado é que tem professores bons e que o privado é que tem de ser defendido através do famoso cheque-ensino. Nunca explicou como é que se faz a selecção dos alunos (deve ser pela nota nos exames), nem explicitou por que motivo a priori o privado é sempre melhor.
    Enfim, deprimente e aborrecido. Vácuo de ideias. Cheio de si e do seu catedratismo. Mais um que despreza os zecos e acha que não sabemos ensinar nem avaliar. Promotor de um discurso fácil e facilitista ao nível do da porteira do prédio da minha sogra, que diz sempre que os moços agora não aprendem nada e que deviam era ter exames à séria como ela tinha (a senhora que não passou da 4.ª classe).
    Deprimente mesmo é não vermos rumo nenhum. Entre uma tonta tia e um tonto pretensioso, o debate sobre educação é, como vimos ontem, um terreno muito árido.

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  8. Então mas ninguém reparou no momento mais importante do programa? No meio das acusações de preconceitos ideológicos, foi a Dra. Isabel Soares que propôs o cheque-ensino. Tive de rever a gravação para ter a certeza. Aconteceu tinham passado para aí uns dois terços do programa. O deputado do PSD nem queria acreditar.

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