segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma Viagem à Índia

Não vou à Índia. Mas ando a ler a viagem à Índia que Gonçalo M. Tavares nos oferece num dos seus últimos livros. Foi o tom entusiástico e algo enigmático de uma amiga que me convenceu a comprá-lo e encetar esta viagem. Por outro lado, as boas críticas e as alusões à relação com Os Lusíadas tiveram também algum peso nesta aposta.


Ainda não acabei. Vou a meio da viagem que também se nos apresenta em X cantos e nos leva pelos caminhos de Bloom: Londres, Paris, com uma paragem para conhecermos história da sua família e, por último, a Índia.
Quanto à tipologia, este trata-se de um romance em verso que gera múltiplas pontes com a obra Os Lusíadas (pena é que a personagem principal se chame Bloom e não tenha um nome mais lusitano). O texto é de fácil e fluída leitura embora vivendo das palavras cheias de Gonçalo M. Tavares: um estilo sentencioso, que nos obriga frequentemente a parar a viagem para pensar nas palavras, imagens, metáforas, paradoxos que constantemente povoam as estrofes deste original romance.

Prometo ir-vos oferecendo, à medida que for avançando na leitura, alguns dos excertos que me fizeram abrandar o ritmo da leitura.

Aqui fica o primeiro:

"(...) para não se comprometerem -
os Deuses, quando nos falam ao ouvido,
evitam frases explícitas e promessas concretas. "

Primeira paragem. Um excerto que evoca não apenas o tom épico d'Os Lusíadas, mas também a obra de Fernando Pessoa, Mensagem, e o poema "O das Quinas" :

"Os Deuses vendem quando dão.
Compra-se a glória com desgraça.
Ai dos felizes, porque são
Só o que passa!"

Ana Soares

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