quinta-feira, 22 de abril de 2010

Como nós podemos influenciar a vida dos nosso filhos

Senta-se à frente da criança. Casaco de executiva, de dentro da mala tira o portátil que liga enquanto atira à criança: "Sabes quais são os TPCs?", a voz rispida sobe de tom para continuar: "Não sabes?! Sua burra, és mesmo burra, não admira que a professora ralhe contigo, como é que não sabes?". A menina tenta explicar que não tem TPCs, que precisa de ler um texto e terminar uns exercícios de Matemática. "Mas para isso é preciso saber umas regras ou não?! Sabes as regras, sua estúpida?!".
Não aguento, preciso de mudar de lugar, antes de me levantar olho para os rostos da mãe e da filha. A mãe de olhos irados, a menina de cabeça baixa enfiada no livro do 2.º ano, tem sete ou oito anos. Estão num lugar público, rodeadas por outros pais e filhos. Sim, aquela criança vai ser burra e estúpida, por culpa de quem? daquela mãe, mil vezes burra e estúpida.
Ao meu lado, outra mãe mostra-se incomodada, revira os olhos e abana a cabeça. Antes de pegar no casaco apetece-me dizer-lheque não pode falar assim com a filha, que está a fazer-lhe mal, que eu devia chamar a comissão de protecção de menores, qualquer coisa para proteger aquela criança de uma mãe bem vestida que aparenta um bom nível de vida e de educação, mas que é uma fraude, que agride verbalmente a criança, que está a dar cabo do seu futuro. Será que o posso fazer? Vou perguntar porque certamente voltarei a encontrar aquela família.
BW

3 comentários:

  1. ...eu sei...sei do que falas. tantas e tantas vezes assisti a isso, e uma vez não resisti e falei, e sabes que mais?! outra pessoa se juntou a mim. acho que vale sempre a pena falar.

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  2. Só agora li este post...

    Sim devias falar, mas eu também já passei por isso e não tive coragem de o fazer apesar de ter sido essa a minha vontade.
    Já agora, voltou a encontrar essa mãe e filha?
    Isso é abuso infantil. É maus tratos e não devemos ser cumplices disso, mas é como já disse, quando no seu lugar, faltou-me a coragem para o confronto e para denunciar.

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