segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A minha infância é melhor do que a tua?

"A minha infância tinha coisas lá dentro", disse ainda Francisco José Viegas na conferência lamentando as infâncias de hoje em dia. Teve uma infância feliz numa aldeia perdida do Douro, pescava, acampava, jogava futebol, ouvia histórias contadas por uma avó fantástica, tinha horas de preguiça.
De uma geração diferente e na capital, também fiz tudo e mais ainda do que o que foi enumerado por Viegas e também tive uma avó e uma criada velha (sim, é pós-25 de Abril mas em casa da minha avó as empregadas eram criadas, lamento) que adoravam contar histórias de família, tradicionais e populares, além dos romances de cordel. E, no Verão, tinha horas intermináveis de preguiça, deitada debaixo ou em cima de uma árvore, escondida no sotão da casa da terra dos meus bisavós, a ler livros antigos, daqueles que ficam nos sotãos porque já ninguém os quer ler, os Eça, os Júlio Diniz, os Dumas.
E os miúdos de hoje também têm tudo o que Viegas teve, que eu tive e ainda mais! Porque hoje há mais, mais desafios, mais ofertas, mais escolhas, mais livros, mais, mais, mais... Por isso, as suas infâncias também têm muita coisa lá dentro! Talvez tenham menos preguiça e essa sim, faz muita falta!
"A preguiça é grande factor de desenvolvimento das sociedades", rematou.
BW

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