segunda-feira, 29 de junho de 2009

O estado da educação

Quando mudámos de casa, contratámos uma empresa de mudanças. Quando chegou a hora de desmontar o quarto do miúdo (na altura era só um), a cama de grades suscitou uma conversa com o indivíduo que a desmontava. Perguntou que idade tinha o bebé, eu lá respondi.
Ele disse que também tinha uma filha. Lá. Longe. Ele era do Leste. Não me lembro de onde. Mas lembro-me do que me respondeu quando eu, ingenuamente, num jeito interrogativo, lhe dizia que, então, qualquer dia, ela viria cá ter com ele. Respondeu-me prontamente que não. Que a nossa escola era fraca. Que não amava as artes e não primava pelo rigor. Que não percebia como é que um dia sem aulas ou um furo eram motivo de alegria. Que lá, no seu país, o regresso às aulas, esse, sim, era o motivo de alegria dos estudantes e famílias. Não queria, portanto, que ela estudasse cá, em Portugal.
Não disse que era professora. E a conversa acabou por tomar outro rumo, de que já não me recordo. Fiquei só com esta ideia, triste, do quanto alguns de nós tentamos dar e de, como, ainda assim, pouco conseguimos fazer.
Esta conversa foi há 4 anos. Lembrei-me dela pois recentemente, na TSF, no programa Pano para Mangas, João Gobern deu conta de uma tese de mestrado sobre os alunos do leste nas nossas escolas. Falou do exemplo que vem do frio. Fez um retrato. Positivo, claro. Pouco mudou. Ainda há muito por fazer.

Ana Soares

1 comentário:

  1. Há um prémio para levantar no "Revisitar a Educação".
    Um abraço e boa semana :)

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